A história é teoricamente bem simples: Elektra é uma mulher que passa a viver perturbada depois da morte de seu pai (Agamenon) assassinado covardemente a mando de sua mãe (Klytämnestra) e o amante dela (Egisto). Elektra passa viver trancada dentro do palácio com sua irmã, Chrysotemis, que apesar de depreciativa, ainda acredita na felicidade e até sonha em casar e ter filhos.
Mas Elektra, cada vez mais consumida pelo ódio à sua mãe e ao seu padrasto, num estado de devaneio, planeja finalmente matá-los na calada da noite. Enquanto planeja o assassinato, a história desenrola-se através dos diálogos com sua irmã –e é aí onde a parte polêmica entra, o incesto e lesbianismo-. Ainda há quem discorde de que houve incesto, que isso não passe de uma cultura histórica, que ganhou dimensão maior com o Complexo de Elektra, de Jung. A peça em si não se aprofunda nesse aspecto, mesmo a gente podendo inferir algumas coisas no modo como a Elektra olha pra sua irmã quando esta está em seu monólogo sensualizando o casamento e também quando há aquele diálogo com excesso de toque entre elas. Leve em conta também a seguinte coisa: Elektra é uma mulher visivelmente perturbada, abatida, seu visual excessivamente depressivo a definia como morta-viva e sua irmã, apesar de tudo, ainda conservava-se muito bem. E há quem diga que toda essa sede de vingança se dá ao fato de Elektra ter sentido desejo por Agamenon quando ele era vivo. Uma família que visivelmente sofria de problemas internos desde há muito tempo.
(Monólogo, um dos momentos de devaneios de Elektra. "Allein! Weh, gaiz allein!")
Há de destacar a bravura de qualquer intérprete que pegue esse papel principal (no meu caso, o da Marton). A ópera tem aproximadamente 100 minutos de duração e grande parte dos diálogos são ditos pela protagonista (lembre-se que é uma ópera de ato único); com um pouco mais de uma hora de duração, eu ficava preocupado não somente com a Elektra-personagem, mas com Elektra-atriz, pois requer muito fôlego pra recitar aqueles diálogos intermináveis em alemão! Marton corria de um lado do palco para outro, fazia forças e expressões, enrolava-se em cordas, debatia-se, CHORAVA bastante em cena (por diversas vezes!) e, na última cena, aquele delírio final em que possuída loucamente pela vitória do assassinato cruel, Elektra dança até cair morta.
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