sábado, 31 de julho de 2010

● TABACARIA (Fernando Pessoa) - 1928

Retrato do Poeta Fernando Pessoa, Almada Negreiros (1954)

Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos,
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo.
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem
porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocotte célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno — não concebo bem o quê —,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como
tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como a uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)
15 - 1 - 1928


***agradecimentos ao blog do Itárcio.***

quinta-feira, 8 de julho de 2010

● Saraband (2003)

Último filme da carreira de Bergman e um epílogo para Cenas de um Casamento.

Após 30 anos, o casal Marianne e Johan se reencontra.

Vale comentar que não só na ficção, como na realidade, a história acontece 30 anos depois (Cenas de um Casamento, 1973 e Saraband, 2003).

Achei que Saraband seria semelhante ao Antes do Amanhecer (1994) e Antes do Pôr-do-Sol (2004) do Richard Linklater. No primeiro, o casal se conhece num trem, se diverte em uma noite em Londres e depois precisa partir e cada um seguir o seu rumo; no segundo, dez anos depois, o reencontro. Há toda aquela formalidade na primeira metade do segundo filme, mas com o passar do tempo, vai ganhando ritmo e o casal vai se abrindo e há aquela jogada de diálogos intensos, até beirar a um final aberto e inesperado.

No caso de Saraband foi bem diferente. Os diálogos de maior intensidade entre Johan e Marianne acontecem apenas no começo e no fim do filme. Ambos já estão velhos; entre alguns sarcasmos de Marianne e atitudes hostis de Johan, encontramos um casal mais maduro, com menos pretensão de discutir o fracasso que foram os seus respectivos casamentos.

Grande parte do filme é voltada a Henrik, filho de Johan. O passado entre pai e filho aos poucos vêm à tona; nesta confusão, entra Karin, filha de Henrik, que tem passado problemas com seu pai. De princípio achei que isso não poderia ser o foco que esperava em Saraband e que o filme se derraparia pra um final desastroso, mal resolvido e desconexo. Ainda bem que me enganei.

Não costumo tratar de termos técnicos nos meus comentários de filmes, mas é indispensável eu falar da atuação de Börje Ahlstedt (o Henrik). Suas cenas foram de longe as melhores.

Bergman utiliza de Saraband para dar um adeus a sua carreira brilhante em detalhes sutis ao mesmo tempo em que a trama se desenrola; mais uma vez vemos o nome Karin em alguma de sua personagem; mais uma vez Liv Ullmann no elenco; o tema da velhice presente; cores fortes -que é impossível não lembrar de Gritos e Sussurros (de sua autoria); a presença da música clássica de Bach; a própria reutililização de objetos que lembram momentos de Cenas de um Casamento; relacionamentos incestuosos; o medo da morte.

Ainda estou caminhando na “maratona Bergman”, mas creio que quando eu tiver assistido grande parte de sua filmografia e for rever Saraband, encontrarei elementos que deixei passar despercebido (e voltarei aqui para acrescentá-los).

Bergman se despediu com grande estilo. Adoro autorreferência (esse tipo de coisa que os grandes diretores costumavam fazer). Considero Saraband algo mais além que uma mera continuação de Cenas de um Casamento: é um presente aos fãs de Ingmar Bergman.

● Através de um Espelho (1961)


Primeira parte da Trilogia do Silêncio ou Trilogia da Fé.



O filme conta a história de Karin, que resolve passar as férias numa ilha isolada com seu pai, seu irmão e seu marido.

Karin é a chave central do filme; através dela toda a trama se desenrola. O pai, um escritor egoísta que largou a família para se dedicar à arte; gosta de escrever temáticas que questionam a existência de Deus, apesar de as vezes não saber ao certo em que acreditar. O marido, um cético que a ama e tenta resgatar Karin de um vazio em que ela mesmo se afogou. O irmão, também carente de atenção do pai, faz de tudo pra chamar a atenção; apesar de aparentemente ser um sóbrio, é com os delírios de sua irmã que ele mais percebe a realidade que o cerca.

A depressão de Karin é tão intensa, que para cada um ela gerou um sentimento específico: ao pai, o ódio; o marido, a repulsa sexual; o irmão, o amor. Amor este que em uma cena específica fica subentendido as tentativas de Karin em tentar uma relação incestuosa.

E, por este filme fazer parte de dois rótulos importantes, A Trilogia do Silêncio se dá ao fato do sofrimento interno, a incompreensão, e a Trilogia da Fé aos constantes questionamentos da existência de Deus (e, para Karin, suas aparições misteriosas).

E é nessas aparições que as últimas cenas do filme se desenrola, por fim, após o surgimento de Deus perante à Karin, ao pai e ao marido.

Em contrapartida, na última cena, vemos um diálogo de pai e filho mais otimista sobre a existência do Divino.

terça-feira, 6 de julho de 2010

● A Infância de Ivan (1961)

Primeiro longa-metragem de Tarkovsky.


O filme conta a história de um menino que após perder a mãe e vivenciar momentos de terror no cenário da Segunda Guerra, decide lutar contra àqueles que fizeram da vida de sua nação um inferno.

A bravura e a frieza de Ivan, de apenas doze anos, consegue provocar sentimentos paternos em patentes do exército sobre o garoto. Estes querem retrair toda essa ira do pobre menino e dar a ele um pouco melhor de conforto, querendo interná-lo em orfanatos ou colégio militar, enquanto aquele, tão pequeno e frágil, demonstra crueldade e coragem para se arriscar em missões suicidas.


Numa determinada cena, a discussão de Ivan com um soldado em que ele explica que só quer lutar pelo seu país, pois enquanto pessoas morrem na guerra, os alunos dos internatos perdem tempo estudando sobre animais herbívoros.

Não é o filme mais profundo do Tarkovsky, mas como foi o primeiro de sua carreira, vale a pena conferí-lo. Pode-se notar nesse filme também detalhes que mais na frente irão se tornar marcas fortes do diretor: os fragmentos de sonhos e pesadelos.


Segundo uma curiosidade que li, esse filme foi considerado por Sartre como exemplar de "surrealismo socialista".

domingo, 4 de julho de 2010

● Cenas de um Casamento (1973)

São cinco horas de filme, divido em seis capítulos;

Grande parte do tempo são apenas dois atores dialogando;

Quase não há mudança de cenário;

E dos filmes de Bergman que vi, esse sem dúvida é o mais primoroso.



Quando soube desse filme e de sua duração, comecei a cogitar a possibilidade de talvez sua narrativa se estender de forma lenta. Engano. Já tinha visto filmes anteriores de Bergman e definitivamente sua característica não é estender-se muito. Com este não foi exceção.

Quando cada episódio acabava, via-se porque foi preciso de tanto tempo para filmá-lo. Foi quando a ficha caiu que o filme era voltado ao Casamento, e um estudo muito aprofundado neste havia sido realizado.

O filme foca a rotina de um casal que estão juntos há dez anos e aos poucos começam a nos mostrar conflitos que se estenderam por todos esses anos de matrimônio. E é a partir do primeiro episódio, após presenciarem a cena de uma briga de casal que discutem acabar com o casamento, que pode perceber-se o início do conflito psicológico gerado nos protagonistas.

Se nos tempo de hoje um filme desse porte causa um impacto a quem vê, imagine em 1973 (cheguei a ler uma curiosidade em que após a exibição desse filme na Suécia, país de origem do diretor, houve um considerável aumento no número de divórcio).

Sem dúvida a questão mais bem detalhada foi a infidelidade. "Por que há traição no casamento?". A lição que aprendemos após o término deste filme é que o ser humano não sabe conviver com a idéia do “para sempre”, e isto fica bem claro no final quando a personagem de Ullmann nos revela que ficou assustada quando se casou e dali em diante toda sua vida estaria fadada psicologicamente e sexualmente àquele homem.

Poderia entrar em milhões de detalhes, estender-me em infinitas linhas, mas a interpretação desse filme soa pessoal demais, e vale dizer que Cenas de um Casamento não é um tapa na cara somente dos casados, mas de toda uma sociedade que é voltada a um egoísmo quando se trata de amor.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

● Filmografia de Bergman


INGMAR BERGMAN

(14/07/1918 - 30/07/2007)

"O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais classicamente romântico". (Jean-Luc Godard, "Bergmanorama", Cahiers du cinéma, Julho – 1958).


1945 - "Crise"
1946 - "Chove Sobre Nosso Amor".
1947 - "Um Barco para a Índia"
1947 - "Música na Noite"
1948 - "Porto e "Prisão"
1949 - "Sede de Paixões"
1949 - "Rumo à Alegria"
1950 - "Isto Não Aconteceria Aqui"
1951 - "Juventude"
1952 - "Quando as Mulheres Esperam"
1952 - "Mônica e o Desejo"
1953 - "Noite de Circo"
1954 - "Uma Lição de Amor"
1955 - "Sonhos de Mulheres" e "Sorrisos de uma noite de amor"
1956 - "O Sétimo Selo".
1957 - "Morangos Silvestres"
1957 - O Sr. Sleeman Está Chegando (TV)
1958 - O Veneziano (TV)
1958 - "No Limiar da Vida" e "O Rosto"
1958 - Rabinos (TV)
1959 - "A Fonte da Donzela"
1960 - "O Olho do Diabo"
1960 - A Tempestade (TV)
1962 - "Luz de Inverno"
1963 - "O Silêncio"
1963 - "Uma Comédia do Sonho" (TV)
1964 - "Para Não Falar de Todas Essas Mulheres"
1965 - "Don Juan"
1966 - "Quando Duas Mulheres Pecam"
1968 - "A Hora do Lobo", "Vergonha" e "Daniel" (episódio do longa "Stimulantia")
1969 - "O Rito" (TV), "Paixão de Ana" e "Farö - Documentário 1969" (TV)
1971 - "A Hora do Amor"
1972 - "Gritos e Sussurros"
1974 - "A Flauta Mágica" (TV)
1974 - O Misantropo (TV)
1975 - "Face a Face"
1977 - "O Ovo da Serpente"
1978 - "Sonata de Outono"
1979 - Farö Documentário - 1979 (TV)
1980 - "Da Vida das Marionetes"
1983 - "Fanny e Alexander"
1983 - "Hustruskolan" (TV)
1984 - "Depois do Ensaio" (TV)
1984 - "O Rosto de Karin"
1986 - "A filmagem de Fanny e Alexander" (TV)
1986 - "A Dupla Feliz" (TV)
1992 - "O Marquês de Sade" (TV)
1993 - "Backanterna" (TV)
1995 - "O Último Soluço" (TV)
1997 - "Na Presença de um Palhaço" (TV)
2000 - "Bildmakarna" (TV)
2003 - "Saraband"


Maratona sim! Pretendo ver o que tiver disponível dele.